Fiz uma passagem rápida por Paris no último mês de junho, e estava sem pressa e sem muita vocação para o óbvio turismo. Em uma caminhada pela exuberante região da Opera Garnier, me deparei com um lindíssimo prédio antigo – como quase tudo em Paris – e, para minha surpresa, de forma tímida estava escrito WeWork na fachada.
Pensei: conheço essa marca. Na minha ignorância corporativa, ou talvez pelos recentes goles de cerveja belga recém tomados, não tinha me dado conta que tratava-se da maior empresa mundial em Coworking. Curioso e, ao mesmo tempo, louco para conhecer essa empresa tão famosa em local inusitado (pelo menos para mim), não perdi a chance: fui eu, prédio adentro, com a experiência e “traquejo” de tantos anos no mercado imobiliário.
Após ser recepcionado, conversei com um sales manager bastante atencioso e muito profissional. Dentre tantas coisas, algo que ele disse me marcou muito: no WeWork, localizado em um dos endereços mais nobres de Paris, qualquer profissional, equipe e/ou empresa pode ter seu espaço pela bagatela de a partir de 280 euros, sem fazer a conversão em reais – o que é um erro, nunca devemos fazer conversões para esse tipo de análise econômica. Significa que você pagaria menos de R$ 300 reais mensais para ter um espaço absurdamente lindo e impecável, com recepcionistas, impressoras e convívio com gente super bacana e antenada. E, o melhor de tudo, fora de sua casa bagunçada e com as mesmas pessoas de sempre.
Saí de lá depois de uma hora, atordoado e encantado com tantas informações, novidades e sacadas de um negócio sensacional. Melhor tomar mais uma cerveja. Ou, quem sabe, duas. S’il vous plait.
A WeWork foi fundada em 2010, com mais de 200 operações no mundo. Incrivelmente, não tem quase nada na América Latina. Recentemente, abriu quatro escritórios no Brasil, dois em São Paulo e dois no Rio de Janeiro. Chegou tarde no país, mas chegou para ficar e se expandir em um segmento que registrou crescimento superior a 50% em 2016, e que já conta com mais de 500 espaços catalogados nesse nosso país, digamos, cheio de desafios e oportunidades.
Uma boa análise deve estar atenta às tendências macro de médio e longo prazo. Alguns pontos me fazem refletir e concluir que esse segmento tem tudo para explodir:
- Espaços mais amplos: grandes espaços passam a ser super cobiçados, criando mini-clusters. Muito melhor para os ocupantes que têm mais possibilidade de sinergia em várias frentes. Para os empreendedores, significa diluição custos fixos, menos volatilidade e negócios complementares em mesmo espaço (gastronomia, cultura, esporte, lazer, etc).
- Interesse das empresas: uma nova fase toma forma rapidamente: empresas inteiras migrando para espaços de coworking, com brutal redução de custos e uma dinâmica maior de interação;
- Coworking corporativos: melhor exemplo creio ser o CUBO do Itaú – apesar de se auto-denominar um HUB de empreendedorismo, e é mesmo, reunindo diversas startups, investidores, empreendedores, universidades e empresas – no fundo, a base de tudo é o conceito original do coworking, ou seja, local que fomenta a criatividade, cultura colaborativa, etc;
Essas são tendências amadurecendo rapidamente no Brasil e, sem dúvida, muito “provocadas” justamente por onde iniciou essa nossa conversa. Por uma visita desse escritor bem casual e desavisado em Paris, que simplesmente caiu de paraquedas na maior empresa desse setor no mundo. E ainda dizem que os franceses são antipáticos.
Por Luciano Faraco (sócio Dlegend)
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